segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O Barco

Barco à deriva, em busca de uma trajetória encerrada em teu olhar. O vento sopra trazendo um ar cálido das velas que me beija a face. Desprende-se um canto solo que se confunde ao azul-turquesa da água. Por que choras Mar, já que não possuis âncoras que te prendem a um naufrágio? Feliz és tu que podes descobrir novos mundos. Ainda sonham os meus olhos, estes já não possuem sal em tudo que ver, têm saudades de horizontes. Talvez seja uma descoberta, talvez seja uma liberdade. Tantas tempestades enfrentadas arrastaram feridas que já nem dói. O que vem na lembrança é uma vontade de ser. Vou-me firmando no leme do meu coração errante e suavizando a ânsia do que ainda estou por descobrir. Ficar é regredir. Visto-me com as cores do dia nascente. Miro os dormentes raios de sol que trazem consigo traços da minha essência, mesmo efêmeros. Em minhas mãos eu tento agarrar o vento que traz vestígios ínfimos do canto de uma sereia, ritmado ao beijo das ondas com a proa. Peixes pintam telas no fundo do mar. Todos esses olhares é o prazer de negar a solidão, livre de amarras. Teu olhar apareceu e trouxe consigo as ondas para eu navegar. Parto à descoberta!

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