A garota costumava encher o seu caderno com desenhos. Quem diria que algum dia na sua vida representaria num papel o seu próprio destino. Espontaneamente ela desenha um coração partido. Mal tracejado, desingonçado, predestinando o caminho das desilusões futuras da pobre garota. Ela não sabe, é apenas uma criança, mas traços expelidos num papel são como palavras lançadas ao mundo, não há mais como voltar atrás. Arranca a folha com o desenho do coração partido e exibe pras paredes do quarto. Como são cruéis os que escolhem quem irá sofrer e sem nenhum ressentimento ainda debocham e saem fora. O vento toma dos concretos o papel com o coração partido e tenta consertar o desenho. Mas não adianta. Os dedos já fizeram apostas futuras. Eles riem monstruosamente. A garota nunca sentirá vergonha de demonstrar seus sentimentos, ela tem demais. Mas nunca escolherá o certo a quem entregar o seu coração. Ela viverá num mundo de encruzilhadas.
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