domingo, 21 de outubro de 2012

Pretensão(ou prest'enção!)


Me encare!
Me amordace!
 Não perca o seu tempo cuidando de mim!
Que já sou moça crescida
e tudo que desejo de você é vida!

 Não perca o seu tempo assoprando as minhas feridas!
Que dos meus fundos rasgões
e pequenos arranhões
cuido eu!

 Não perca o seu tempo me dando a sua mão!
Que de você eu não quero resgate
Quero apenas que me mate
Ou então que me assalte a impura alma!

Não perca o seu tempo admirando o meu semblante!
 Já tenho uma tendência narcisista.
Quero que a cara me cuspa!
E que nunca me fale de culpa ou de coisa justa

Já chega! Não me fale do que poderia ter sido...
Não quero saber de intenção boa ou má!
Quero amor, quero vida e quero já!

Mas que ousadia a sua
De querer me tirar da rua...
Quer me salvar?
Se nem mesmo sabe onde sua salvação está!
Se situa...Vá embora e me deixe nua
que já sei me vestir!

Procure o seu caminho
E é esse nosso destino!
Não mais me lastimo da sua boa intenção...
Quer saber de uma coisa?
É muita pretensão!!!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

De mim, para eu mesma


Inda não sei se me acho, me encaixo ou vivo.
             Quando não digo fica dentro, quando falo vai pra fora.
                                                            E agora o que faço?
 Só digo e repito porque não insisto onde não me encaixo.
                                            Se não me acho, logo desisto!

domingo, 14 de outubro de 2012

O depois da nordestina




"Macabéa é uma inocência pisada, de uma miséria anônima." (Clarice Lispector)

Macabéa se foi...
agora toda vez que chove
é ela que está
em infinitos líquidos
descendo pelo Céu
que nem uma carta prevê sua vinda
Sempre sentira um não-sei-que
mas nunca houvera alguém para entender
quando até Deus se anulava
Ela só fazia chover Olímpico
Agora inunda os pensamentos limitados
(Por que?)
e regurgita ano-luz
hora que a Estrela brilha.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O jogo da vida


"O fluxo do tempo é cruel, para cada pessoa é diferente e ninguém nunca pode mudar , mas uma coisa que não mudam nunca , são as memórias de sua juventude." (Sheik, The Legend of Zelda)

Pensamentos pinkfloydianos...


 "Lá em cima os albatrozes se mantêm imóveis no ar
  E nas profundezas das ondas nos labirintos das cavernas de corais
  O eco de um tempo distante vem magicamente pela areia
  E tudo é verde e submarino
  E ninguém nos mostrou a terra
  E ninguém sabe onde ou porquê
  Mas algo encara e algo tenta
  E começa a subir em direção à luz(...)"


Foto: Se

Se eu fosse um cisne, estaria morto
Se eu fosse um trem, estaria atrasado
E se eu fosse um bom homem
Conversaria contigo mais frequentemente do que faço
Se eu fosse dormir, poderia sonhar
Se eu tivesse medo, poderia me esconder
Se eu enlouquecer, por favor não ponha
Seus arames no meu cérebro
Se eu fosse a lua, eu seria legal
Se eu fosse uma regra, estaria dobrado
Se eu fosse um bom homem, eu entenderia
As distâncias entre amigos
Se eu estivesse só, eu choraria
E se eu estive contigo, eu estaria em casa e seco
Se eu enlouquecer
Você ainda vai me deixar participar do jogo?
Seu eu fosse um cisne, estaria morto
Se eu fosse um trem, estaria atrasado novamente
Se eu fosse um bom homem
Conversaria contigo mais frequentemente do que faço

Beco sem Saída


Aqui estou eu
em meio a encruzilhadas e preocupações.
Trabalhos comprados, horários perdidos,
Não tenho hora marcada.
Aqui me encontro
enquadrada, ao contrário,
perdida, desiludida, estrangeira.
Contrária à multidão, aos pensamentos,
às direções, às empresas,
aos colégios,
aos bancos.
Daí vem o primeiro esbarro.
Depois o segundo
e o terceiro.
Atravessam-me.
Balançam-me.
Sacodem-me os ossos
e os cabelos
que me voam e encostam
no desconhecido ombro vizinho.
"Me desculpe!"
...
e o quarto esbarro chega para finalmente dar lugar ao quinto.
"Me desculpe! Perdão!"
e o sexto esbarro não tarda a sacudir-me.
E se vai, e vão, e vou
e não vou.
Se chegam, se voltam, se vão.
Se encontram, descansam,
ou esperam,
eu não vou.
Mas eu não sei onde ir.
Aqui me encontro
Vou e nunca chego.
E não chego, caminho.
Não sei onde vou.
"Me desculpe!"
"Pisei em seu pé?"
"Mas foi sem querer..."
Não sei onde estou.
Mais um esbarro. Esse doeu.
Pisaram em meu pé.
Não me deixam passar.
E mais um... me derrubam e caio no chão.
Me ergo, me recomponho.
A marca ficou. Sujei a vestimenta caindo no chão.
Permaneço em meio à multidão.
Não sei aonde vão, não sabem aonde vou.
Pouco me importa, pouco importo a eles.
E me estremeço mais uma vez. Assim não dá.
Preciso chegar... Ah, já sei! Estou quase chegando.
Mas... onde estou indo? Não sei.
Aqui estou eu
que não chego nunca,
mas... se chegasse
onde chegaria?

Uma hora eu preciso chegar...

Albert Camus



Olá! Tem alguém aí? Acene se puder me ouvir...
Eu preciso de algumas  informações, você pode me ajudar?
Gostaria que mantivesse um contato “invisual”, pois há uma parte em mim que fracassa ao ver ruas contornadas e derrubadas pelo sono divino.
Observe aquele garoto solitário que acaba de acenar no colo da mãe, e ela ao segurar, usa a outra mão imaginando o que poderá fazer pra conseguir usar as duas.
Ele já entende o adeus, mas os anos surgirão com toda majestade de esquecimento, e eu não posso ficar acordada esse tempo todo, presenciando o esquecimento.
Tenho a sensação de que todas as pessoas estão olhando a grande tela, a grande lente, agonizando como pedido, então desligue a cidade e apague todas as luzes.
Não sustente as praças postas à mesa, pois não possuímos nenhum monumento tão velho assim... Há uma possibilidade de eu ter existido quando eles foram erguidos. Vocês os machucaram, a ferros e cortinas enfeitadas.
Há um clima criado, perfurado, limpo após um bom banho, gelado, corpos quentes, juntos, conscientes da velha ordem. Então apague todas as luzes, talvez isso persista na dor.
Vocês traíram a revolta humana, vocês traíram a tentativa de ajuda entre aqueles amigos.
Vocês destruíram corpos, corpos que não incomodam mais, me ajude a entender isso. Eles precisam desaparecer para os seus dentes aparecerem na última página? Eles não tiveram a oportunidade de ver os fios de cabelo ganhando pigmentos como o seu.
Hoje a doce segunda inverte sua posição, mãos acariciam os braços, mas os dedos se parecem com garras.
Há um parente importunando a pequena garota pensativa, que como um ato de covardia, não move os olhos, não encara aquela demonstração de loucura e realidade. Continua a crer que a realidade tortura mais a invenção do que a própria mente.
Agora a felicidade e a sapiência respondem "Sim Senhor!" ao próprio exército.
Nada será mudado, nem mesmo quando a volta estiver completa.