Aqui estou eu
em meio a encruzilhadas e preocupações.
Trabalhos comprados, horários perdidos,
Não tenho hora marcada.
Aqui me encontro
enquadrada, ao contrário,
perdida, desiludida, estrangeira.
Contrária à multidão, aos pensamentos,
às direções, às empresas,
aos colégios,
aos bancos.
Daí vem o primeiro esbarro.
Depois o segundo
e o terceiro.
Atravessam-me.
Balançam-me.
Sacodem-me os ossos
e os cabelos
que me voam e encostam
no desconhecido ombro vizinho.
"Me desculpe!"
...
e o quarto esbarro chega para finalmente dar lugar ao
quinto.
"Me desculpe! Perdão!"
e o sexto esbarro não tarda a sacudir-me.
E se vai, e vão, e vou
e não vou.
Se chegam, se voltam, se vão.
Se encontram, descansam,
ou esperam,
eu não vou.
Mas eu não sei onde ir.
Aqui me encontro
Vou e nunca chego.
E não chego, caminho.
Não sei onde vou.
"Me desculpe!"
"Pisei em seu pé?"
"Mas foi sem querer..."
Não sei onde estou.
Mais um esbarro. Esse doeu.
Pisaram em meu pé.
Não me deixam passar.
E mais um... me derrubam e caio no chão.
Me ergo, me recomponho.
A marca ficou. Sujei a vestimenta caindo no
chão.
Permaneço em meio à multidão.
Não sei aonde vão, não sabem aonde vou.
Pouco me importa, pouco importo a eles.
E me estremeço mais uma vez. Assim não dá.
Preciso chegar... Ah, já sei! Estou quase
chegando.
Mas... onde estou indo? Não sei.
Aqui estou eu
que não chego nunca,
mas... se chegasse
onde chegaria?
Uma hora eu preciso chegar...
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